domingo, abril 30, 2006


Deixei a Bélgica. Para trás fica um país de amigos. Dos de infância. Dos de sempre.
Lá, onde os homens se cumprimentam com beijos, onde se paga para ir à casa de banho, onde numa carruagem de metro se podem encontrar todos os continentes do mundo.
Mesmo sem Sol, mesmo sem céu azul, Bruxelas é cosmopolita. A cerveja ajuda.
Se há praça com encanto, com mistica, a Gran Plaz é esse lugar.
A sua natureza está no que se sente quando se olha ao redor e ao mesmo tempo se fecha os olhos. Ali, rodeados de pedra, pedras com história. Foram casa de Vitor Hugo e Karl Marx entre outros. E não falta um local bem pitoresco, bem português...a tasca do Manuel. Em plena praça.


Por lá, tambem se ama a praia. No noroeste do país, banhado pelo atlãntico, gentes enchem as praias, mesmo não tomando banho, mesmo chovendo.
Um canto do mundo. Tão diferente e tão igual...a tantos outros.

Au revoir/A revorre

quarta-feira, abril 26, 2006

Nuclear? Não obrigado.

- Porque temos muito mais energia do Sol do que aquela que poderemos tirar de todo o urânio da terra.
- Porque ninguem explicou ainda a gestão a longo do prazo dos resíduos radioactivos.

Para os que defendem este tipo de energia, tornar-me-ei um deles, favorável à mesma, quando os vir a eles e às suas familias viver perto de uma central nuclear.

terça-feira, abril 25, 2006

No deserto gelado

Os amigos chamam-lhe o Yeti.
Alain Hubert, um belga cinquentenário, guia de montanha, tem no seu curriculum diversas expedições aos Himalaias, Artico e Antártida (aqui estabeleceu um record mundial com a travessia de 3.924km em autonomia em 1997/1998).
Em 2002 fundou a "Fondation Polaire Internationale" cuja missão é segundo ele “sensibilização e educação sobre a problemática dos câmbios climáticos. As regiões polares são uma das chaves para aprender sobre o que se está a passar no planeta”.
E as conclusões não são difíceis de tirar, desde o final do ultimo período glaciar, que remonta à cerca de 20.000 anos, a temperatura variou cerca de 6º.
Nos últimos 15 anos a temperatura média nas regiões polares subiu cerca de 3,5º.
Alain sabe que a maioria das pessoas ignora que a Antártida tem o dobro do tamanho dos Estados Unidos e o Àrtico a dimensão de três Europas. As suas aventuras contribuem pois para uma maior e melhor compreensão do universo que nos rodeia.

Alain foi agora nomeado responsável pela construção da nova estação polar belga na Antártida. Os trabalhos para erguer a “Princess Elizabeth Station” terão o seu inicio em Outubro de 2007 estando previsto terminarem em Fevereiro 2008. Será a base mais moderna a nível ambiental e funcionará 100% com energia renovável. Terá como objectivo suportar as expedições. Expedições essas que Alain garante serem a principal forma de consciencializar, fazer passar a mensagem.

Para este maratonista do gelo, “os pólos são um pouco como os grandes desertos. O espaço parece infinito. Há uma impressão terrível de solidão, que o horizonte avança connosco. No pólo norte o gelo tem vida, transparência, é um espectáculo mágico.”


E que a magia continue. Transparente, fria e única.

www.alainhubert.com

sexta-feira, abril 21, 2006

Assim se salvam vidas.


A conselheira Espanhola do Meio Ambiente, Fuensanta Coves, anunciou que o seu departamento revogou a autorização dada aos promotores da rota 4x4 'Andalucia de ponta a Cabo' que permitia a passagem dos veiculos todoterreno por Raya Real, espaco situado entre os Parques Nacional e Natural de Doñana, onde habitam linces.
Coves explicou que a revogação se fez depois de recebida uma carta da Estação Biológica de Doñana em que esta actividade foi desaconselhada. A rota de 4x4, em que participariam cerca de 70 veiculos, tinha previsto sair amanhã, Sábado, de Punta Umbría (Huelva) para durante una semana percorrer toda a zona até ao Cabo de Gata (Almería). A organização "Ecologistas en Acción" alertou para o perigo desta actividade por uma zona onde, actualmente, segundo indicaram, habitam duas fêmeas de lince ibérico selvagem, com duas crias cada.
O atropelamento é a principal causa de morte do lince ibérico nesta zona.

Bom fds

quarta-feira, abril 19, 2006

Diferenças..

A matança das focas no Canadá continua.
O cantor Morrisey juntou a sua voz aos que defendem a causa, a lógica, diria mesmo a razão.
No seu site oficial pode ser lido o texto onde explica o seu boicote e as suas ideias sobre a matança. Do mesmo sublinho este extracto: "O primeiro ministro Canadiano defende que a matança de focas é economica e ambientalmente justificada. A população de focas olhou por ela milhares de anos sem a intervenção humana, e tal como o mundo sabe, esta caça só tem a ver com uma coisa: fazer dinheiro. A industria da moda é poderosa e essa é a razão para que as focas bébes sejam mortas com uma pancada na cabeça e sem danificar a sua pele. O sr. primeiro ministro acrescenta que esta actividade cria postos de trabalho para as comunidades locais, mas esta é uma razão ignorante demais para poder manter tão bárbaras e crueis acções".
Morrisey vai bem longe e bem certeiro nos seus comentários,
"a construção das câmaras de gás alemãs tambem providenciaram trabalho para alguém. Esta não é uma razão lógica ou moral para permitir o sofrimento. Boicote os produtos do Canadá, pois está lado a lado com a China como países mais cruéis e serventes."
Fica ainda a questão...se dá dinheiro é porque alguém as compra.
Fica tambem a possibilidade de escrever ao sr.harper, ministro do Canadá:

sábado, abril 15, 2006

Uma mágoa real

A Águia real é uma das maiores conhecidas espécies de aves, alcançando 95 centímetros de comprimento e 2 metros de envergadura. A esperança média de vida é de cerca de 40 anos, embora haja casos em cativeiro em que atingiram os 95 anos.
Em Portugal, no Parque Nacional da Penada-Gerês resta apenas uma águia-real.
Todos os anos, por altura da época de acasalamento, faz tudo como se fosse chocar os ovos transporta paus, faz o ninho... só não procria. O macho morreu há cerca de 3 anos.
O abandono a que foi e está sujeita esta águia-real, que ainda vive na serra da Peneda, ilustra bem a preocupação e o respeito que se tem pela conservação das espécies em Portugal. Nenhuma!
Aparentemente não seria difícil repovoar a zona com águias juvenis trazidas das arribas do Douro Internacional mas isso implicaria medidas dos responsáveis e como a responsabilidade e o respeito não existem, nada foi feito.
No Douro, a espécie avança para a extinção quer por escassez de alimento quer pelo fenómeno do cainismo (o indivíduo, no caso o irmão mais velho, mata o mais novo).
Outro dos factores de mortalidade desta espécie é o envenenamento, normalmente com o uso de estricnina para os Lobos mas com consequencias igualmente em Grifos, Abutres e Águias Reais.
Num dos últimos rios selvagens da Europa e ainda zona de procriação da Águia Real, o Rio Sabor, cresce a ideia de construção de uma barragem. Será por ela?
O Urso Pardo e a Cabra Montês já desapareceram impune e silenciosamente. E esta Águia?
Talvez só pertença ao Céu e não á terra.

terça-feira, abril 11, 2006

Guerreiro na Bélgica

Vou estar alguns dias no país que alberga o parlamento europeu e a sede das Nações Unidas.
Um país que com toda a certeza tem muita gente que se acha importante. Muita gente que decide sobre o futuro de outros. Mas que afinal, não se torna importante.

Se me pudesse cruzar com alguem, gostava que o destino a sorte ou o acaso me trouxessem um senhor chamado Paul Rusesabagina.
Em 1994 e perante uma das maiores barbáries humanas da história, a sua cor foi a da coragem, da devoção, da força e do Amor.

No Hotel que dirigia em Kigali no Rwanda, conseguiu livrar da matança 1298 pessoas.
Tutsi e Hutu. Não foi só importante. Foi o futuro de todos eles.
Será sempre dificil escrever sobre o que se passou naquele país. Tudo o que foi feito e tudo o que deveria ter sido feito.

Paul, agora a viver na Bélgica, foi um guerreiro. As nações não estiveram unidas mas ele sim.
Foi dos poucos que neste mundo não viraram as costas à demência humana

www.hrrfoundation.org


No genocidio do Ruanda, entre Abril e Junho de 1994, foram mortas cerca de 1 milhão de pessoas.
É o país com maior numero de crianças orfãs do mundo.

sexta-feira, abril 07, 2006

Património da Eternidade

Classificava-os património da eternidade. Amazónia, Alaska, Antártida, Everest, Doñana, Gerês...e tantos outros lugares antigos, velhos, primários. Cuja existência e história está acima de qualquer humano, acima de qualquer Deus, pois a divindade é a Harmonia, o Silêncio, a Vida, o Retorno, a Beleza.

Promovia-os a eternos. O Homem podia entrar, e podia colher, mas sempre sem tocar.
Podia viajar, perder-se e encontrar-se. Amar e odiar. Podia ser humano, Podia ser selvagem. Podia ser animal. Racional e irracional. Descobrir a liberdade, a vaidade.
A sua natureza. Antiga, velha, primária. Como alguém que vive a perceber porquê. Porque nasceu. Quem sabe lá teríamos respostas.
Ou não precisássemos de perguntar nada.
Os nepaleses chamam-lhe Sagarmatha (Deusa Mãe da Terra) e os tibetanos Chomolungma (Senhora Deusa do Vento). Li que o circo já chegou a ela.
Será mais uma temporada em que o Everest se vai transformar num circo de tres pistas. Mais de 40 expedições irão afrontar a face sul da montanha mais alta do mundo enchendo-a de cordas e garrafas de oxigénio. É uma contaminação crescente e contínua.
São na sua maioria individuos que nunca escalaram antes e nunca mais iraõ escalar depois. São personagens de cinema. Mas de um filme idiota, triste.
Para os sherpas e para as autoridades Nepaleses acaba por ser a única fonte de receitas que dispõem.

Faz-me lembrar as lagoas do nosso Gerês. Em pleno verão são invadidas e tornadas piscinas publicas. Ganham lixo e perdem o silêncio, a beleza.
Procuramos as mais inacessíveis e respeitamo-las.

terça-feira, abril 04, 2006

Porque um longo caminho...se faz com pequenos passos

Uma das maiores companhias japonesas de comercialização de productos do mar, a Nippon Suisan (Nissui), anunciou juntamente com 4 outras companhias do sector, que retira todo o seu capital da empresa baleeira Kyodo Sempaku.
Os ecologistas consideram uma importante vitoria embora não acabe definitivamente com as caças "cientificas". Nissui e as outras quatro empresas privadas japonesas cederam as suas acções ao Instituto de Investigação sobre Cetáceos, a agencia governamental que promove as capturas 'científicas' de baleias. Kyodo Sempaku tem uma frota de seis barcos baleeiros que caçam habitualmente nas aguas da Antártica, reconhecidas como santuario para estes cetáceos desde o ano de 1996.
O abandono destas cinco empresas do negocio da comercialização de carne de baleia supõe uma rara vitoria para as organizações ecologistas sobre o Japão, um país que apesar de diversos protestos internacionais, sempre ignorou a moratória que proibe a caça destes mamiferos sob o argumento de "capturas cientificas".

Dedicado a todos os que protestaram, mas em especial a alguem que nunca se cansa de dar pequenos passos, Mar - guerreirosdoarcoiris.blogspot.com ameanatureza.blogs.sapo.pt

segunda-feira, abril 03, 2006

Século XXII


A Croácia anunciou a proibição à importação de peles e produtos derivados de peles de foca, aumentando a pressão sobre o Canadá para que renuncie à caça destes animais.

A decisão croata, que vai entrar em vigor a 3 de Abril junta-se à de México, Estados Unidos, Gronelândia, Holanda, Bélgica, Alemanha, Reino Unido e Luxemburgo, que já proibiram ou iniciaram o processo de proibição da importação das peles de foca.

Para quando uma legislação global? Para quando uma proibição natural, mundial, deste tipo de crimes? Para quando um sentido decisor consciente de onde estamos e para onde vamos?
Para quando um Nós antes do Eu?

Talvez no século 22.