quinta-feira, julho 03, 2008

Que cidade é esta que nos corta as raízes sem piedade?

Que cidade é esta que acorda ao som de moto-serras?
Que cidade é esta que mata as poucas árvores que ainda têm?
Que cidade é esta que continua a brotar betão e alcatrão?
Que cidade é esta que não para, não escuta, não olha?

Hoje acordei assim. Ao som de moto-serras. As poucas árvores que circundam a minha casa estavam a ser cortadas. Impiedosamente. Uma via-rápida está a ser construída. Ali, a poucos metros de minha casa, de tantas outras casas, de uma escola. Já o sabia. Já o sabíamos. Mas o que me mais me custou foi ver aquelas longas árvores cortadas, deitadas, profanadas. Silenciosas mas tão ruidosas!
Tão ruidosas que me apeteceu juntar o meu grito ao grito delas.

Mais pragmático procurei o numero amplamente divulgado do SOS Ambiente, 808200520. Liguei. Manifestei aquilo que me pareceu mais do que um atentado ambiental. Um desrespeito moral. A banalização da morte. Disseram-me que dentro de 2 meses me ligariam. Que me informariam dos resultados. Os resultados já eu vi. O "progresso" é infalível e imperturbável. Preciso fugir dele. Antes que ele, impiedosamente, tambem me corte as raízes.

3 Comentários:

Blogger teresa g. disse...

Eu compreendo bem a raiva e a indignação quando estamos perante este tipo de coisas. Também já a senti, também a sinto. A minha questão, aquilo que tentei dizer no meu post, é que acredito na não-violência como a única forma de construir alguma coisa. Mas isso não é passividade :) É preciso dureza e firmeza sem raiva.

Mas isto é teoria, claro. Na prática é difícil, e muitas vezes também me apetece fugir. O problema é que já não há para onde. Não temos outro remédio senão remar contra a maré. Enquanto tivermos forças.

6:53 da tarde  
Blogger Jaqueline Sales disse...

Um momento de silêncio e reflexão, de piedade e desgosto por aquilo que é visível, mas não é sentido por nós.

É lamentável.

BeijUivooooooooooosssssssss da Loba

6:45 da tarde  
Blogger Angela Ursa disse...

Hugo, é muito doloroso isso. E o pior é o prazo de 2 meses para dar uma resposta. Até lá quantas árvores foram destruídas? Beijos da Ursa

10:50 da tarde  

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