quinta-feira, abril 10, 2008

Críticos gatos..


"Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato.
Ao crítico deu ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronron e a garra, a língua espinhosa e a calinerie.
Fe-lo nervoso e ágil, reflectido e preguiçoso; artista até ao requinte, sarcasta até à tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes, e terrível com agressores e adversários. - Um pouco lambareiro talvez perante as coisas belas, e um quase nada céptico perante as coisas consagradas; achando a quase todos os deuses pés de barro, ventre de gibóia a quase todos os homens, e a quase todos os tribunais portas travessas - amigo de fazer judiarias com a primeira bola de papel que alguém lhe atire, ou seja um poema, ou seja um tratado, ou seja um código - Paciente em aguardar, manso e apagado, com um ar de mistério, horas e horas, a sortida de um rato pelos intersticios de um tapume, e pelando-se, uma vez caçada a preza, por fazer da agonia de ela uma distracção; ora enrolando-a como um cigarro, entre as patinhas de veludo; ora fingindo que lhe concede a liberdade, e atirando-a ao ar, recebendo-a entre os dentes, roçando-se por ela e moendo-a, até a deixar num picado ou num frangalho".
Fialho de Almeida, Os Gatos

2 Comentários:

Blogger ॐ Hanah ॐ disse...

Tat

vim deixar-te um abraço...

boa semana...

2:49 da manhã  
Blogger Jaqueline Sales disse...

Quem não conhece, quem não cria, quem não convive com um gato poderia dizer que eles não se importam com seus donos.

Dia 17/04 perdemos Cinderela, nossa filhotinha siamesa que nos presenteou por 15 anos com seu carinho, com sua meiguice, sua docilidade e amor como se fosse uma filha. E nós a tínhamos como filha, pois ela sabia quando estávamos tristes e alegres, apresentada uma incontida alegria em estar conosco vendo televisão, e amava correr e se divertir por entre as pernas das cadeiras, ronronando, quando chegávamos em casa com algumas compras. Ela sabia que aquela era a sua família, e nós sabíamos que aquela era nossa filhotinha.

Como temos que aceitar sua partida, aceitamos o fato de tê-la perdido para, mais tarde, encontrá-la novamente, pois jamais deixaremos de ser uma família.

BeijUivoooooooooooooossssss da Loba

2:54 da tarde  

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