Nada de novo

O ministro do ambiente afirmou hoje "preferir as pessoas ao lince" a propósito do desvio da linha de muito alta tensão algarvia para a zona de Cabeço, habitat de espécies em vias de extinção como o Lince.

«Entre o lince e as pessoas, ainda prefiro as pessoas», afirmou Nunes Correia à margem da 2ª Conferência Nacional da Água, organizada pelo Jornal Água e Ambiente, em Lisboa.

Foi precisamente este pensamento que matou o lince no nosso país. Sempre foi preterido em relação ás pessoas. E apesar de ser um super predador o Homem nunca fez parte da sua dieta alimentar.

Dois pontos sobre isto:

1) Sim, eu não gostaria de viver sob uma linha de alta tensão, quanto mais uma de muito alta tensão. Mas a quem se destina essa energia? Ao Lince e à Águia de Bonelli não é certamente. Então porquê fazer essa construção precisamente nos últimos espaços que ainda restam como habitat destas espécies? Não compreendo.

2) O repovoamento do lince-ibérico em Portugal foi uma das promessas do Governo português para que Bruxelas encerrasse o processo que levou à suspensão do financiamento da barragem de Odelouca, tendo o executivo apresentado um projecto transfronteiriço de reintrodução do lince como medida de compensação pela construção da barragem em zona da Rede Natura 2000. No passado dia 31 de Agosto, o ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, e a sua homóloga espanhola, Cristina Narbona, presidiram à sessão pública de assinatura do acordo de cooperação entre Portugal e Espanha para o Programa de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico.

Que este senhor tenha esta opinião eu até respeito. Agora designarem-no Ministro do Ambiente?

A quem caía bem esse titulo? A alguém cuja sua acção contribuísse para um verdadeiro equilíbrio ambiental. A Alguém que tivesse um papel fundamental no controlo de populações, de pragas, de territórios. A alguém que pela sua natureza seja fonte de vida e de harmonia e não de contaminação e destruição de habitats.

Entre o Lince e o Sr. Nunes Correia, ainda prefiro o Lince.